escrevo sem tela nem lápis
nas tépidas nuvens que me enleiam
embriagado na lucidez real
de alguém que conhece o tempo
e se resvala num espaço que não é seu
escrevo sem fim
sem pressa
acordado em sonho de viagem
desejo inspirado, tábua rasa
de razões impalpáveis
oprimidas, recalcadas
força de multidão entediada
em cortante e crua lâmina
escrevo de mim
a cores ou branco e preto
o que não conheço
âmago silêncio que brota
de uma asa quebrada
em pena contrita
escravidão que (se) sabe
e cheira a liberdade
(Troyka Manuel)