A partida transporta a vida num gesto
e o adeus, um breve aceno (um abraço esquecido),
toldam-me os olhos enevoados.
Cinzelei os meus dedos nos dedos teus
e a mão desfez o molde que nos criou,
quebrado, desconcertado.
Num cruzamento encontrei-te a vida,
mas as torres desnortearam os seus sentidos,
paralelas vias se tornaram.
(Olho-te de longe…
Em atalaia cada vez mais vaga…)
O medo escureceu os teus olhos,
espantou tu’alma de embarcação fria,
obliterada nos teus nós intransponíveis.
Fiquei à porta dessa muralha. Espero. Ainda…
Raiz acesa de uma árvore já morta,
malha de cordas que me abismou,
ensimesmada teia onde quis entrar.
Tudo vive e encanta
e depois… assembleia vácua de gente viva.
Apenas a chuva me queima o rosto gasto,
todo o prado do sentir na tua muralha-escudo me ficou.
É mais fácil partir, encerrar as entradas,
abandonar o porto-salvo-abrigo. Partir...
Os bandos também seguem para o Sul.
Chegam todos? Chegamos todos!
Mas ninguém ousa permanecer.
(Troyka Manuel)